Depois de dois casamentos, Betth Ripolli quer ajudar a desmitificar a sexualidade feminina
Com o passar dos anos, a Betth Ripolli não diminuiu o ritmo de vida. Ao contrário, ela continuou buscando mais realizações. E diz que nunca esteve mais feliz.
Aos 70 anos, a pianista, filósofa, palestrante e escritora Betth Ripoli rompe muitos preconceitos. Está longe do estereótipo da mulher que envelhece invisível, sem mais sonhos, certamente solitária, e por aí vai.
Com leveza, Betth expõe a sexualidade feminina nessa fase da vida. Ela traz a sua experiência pessoal de viver e conviver em dois casamentos para ajudar mulheres a desmistificarem o sexo.
Mulheres gostam de sexo mesmo após os 60
“Pessoas idosas não pensam e nem vivem o sexo. Isso é coisa de jovens”. Nada mais preconceituoso e fora da realidade.
Um dos muitos estudos com dados sobre a sexualidade feminina após os 60 anos, realizada na Universidade Federal da Paraíba, apontou que a “sexualidade é um elemento essencial para uma boa qualidade de vida na velhice, mesmo que a sociedade perceba esse período da vida ligado muito mais a perdas do que ganhos, contribuindo para os estereótipos e preconceitos em relação aos idosos”.
Betth Ripolli que o diga: “Nunca minha autoestima esteve tão em alta ao me sentir desejável e me sentindo muito valorizada como mulher! A vida sexual não tem prazo de validade”, afirma.
A sexualidade da mulher na maturidade está deixando de ser um preconceito, bem aos poucos, graças às próprias mulheres que estão destravando as conversas sobre o assunto.
“Tenho 70 anos e nunca fui tão paquerada”
Claro que conversamos com a Betth Ripolli prá saber o que ela faz para manter a sexualidade feminina em dia aos 70 anos. Suas respostas podem ser um caminho para outras mulheres que buscam uma longevidade saudável.
Casada duas vezes, separou-se, e hoje, aos 70 anos, diz que nunca foi tão paquerada. Qual é o seu segredo?
Me apropriei de mim, da minha vida, das minhas escolhas e pratico o maior de todos os amores… que é o amor por mim mesma, valorizando e confiando sempre em mim com atitudes assertivas e ponderadas.
Como falar em sexualidade feminina quando há tanto preconceito?
Um de meus livros lançados chama-se #ATITUDEÉTUDO. Na minha idade, em que defino meu destino sem depender de ninguém, minha atitude é falar abertamente o que penso. E por incrível que pareça, depois do meu comentário na matéria do Fantástico, recebi dezenas de mensagens de homens e mulheres sem nenhuma crítica, só a favor. Dizendo que falei o que as mulheres não tem coragem de dizer.
O romance é possível na maturidade e na velhice?
Claro. Sempre. Depende do quanto você exercita sua autoestima, se abre para o novo e se permite viver na maturidade aquele frio na barriga da adolescência, ao conhecer alguém interessante.
Uma das queixas mais comuns de homens e mulheres após os 50 anos é a diminuição da libido. Como lidar com isso?
Ahhh, não mesmo. A minha, depois da menopausa que foi tratada com medicina antroposófica, me trouxe a fase mais criativa da minha vida. Depois dela gravei cinco CDs, compus lindas canções, escrevi vários livros, virei palestrante e passei a ter o programa Sintonia, online na Alltv . Brinco que virei mulher de programa. Tudo isso fomentou em mim mais e mais libido pela vida. E ao termos sonhos, projetos, objetivos a libido sexual vem junto.
Você passou por duas separações. Como superou a solidão?
Tive um casamento de 14 anos, vítima de violência doméstica, assédio moral e financeiro e outro de 28, onde fui traída pelo ex com a madrinha do neto dele. Ou seja passei a vida casada sempre me dividindo e deixando que outros interferissem em minhas escolhas e me desrespeitando. Considero meus dois ex maridos meus mestres. Exercitei a resiliência, o compreender o ceder, o transigir. Hoje estou separada há 6 anos e jamais senti solidão. Experiencio a SOLITUDE. Que é estar consigo mesmo, se sentindo plena e completa. Pela primeira vez em 70 anos posso ser eu mesma, sem ouvir julgamentos ou críticas e exercitando um dos bens mais preciosos inerentes ao homem – a liberdade.
Como é a sua vida hoje em dia?
Posso dizer que estou vivendo a melhor fase da minha vida. Em paz comigo, com minha missão, minha profissão, meus amigos. Nunca fui tão valorizada, paquerada, cantada. Recebo convites para sair, pedido de namoro, casamento, rssss, claro que declino.
O que te realiza mais: tocar piano, fazer palestras, escrever livros?
Todas as noites ao orar, meditar e agradecer meu dia, reitero a Deus que me faça voltar para esse plano um dia com uma profissão tão satisfatória quanto a que vivo, hoje… Tocar é minha alma, fazer palestras parte da minha missão, escrever e compor, vem de uma inspiração divina. Sei perfeitamente qual é meu IKIGAI – razão de SER, ESTAR e FAZER, nesse plano. Prezo e amo cada uma de minhas atividades igualmente e vivo-as intensamente. Elas se unem, se completam.
Quais os planos para o futuro?
Estou escrevendo um novo livro a ser lançado ainda este ano, tenho um novo projeto de podcast, quero ingressar no mundo do streaming, continuar como ghostwriter e continuar levando mais e mais conteúdos do bem ao meu programa Sintonia, que já tem 270 entrevistas. Eles tem sido transformadores, mudam a vida e trazem um conhecimento ímpar já que os assuntos são inéditos, por grande parte das escolhas que faço dos entrevistados.
Pensa em casar-se novamente?
Se você souber de uma notícia assim, me interna. Enlouqueci. Rsssss. Minha liberdade é muito valiosa.
Até outro dia tinha uma amizade colorida que já durava cinco anos. Agora, como comecei a me interessar por uma pessoa diferenciada, que quer me namorar (não me decidi ainda) achei por bem focar nele. Sou bastante seletiva, não fico saindo por aí, me basto com meus brinquedinhos já que tenho desejos, especialmente quando estou num novo projeto como é o caso do livro agora. Sinto que sexo é vida e sabendo escolher vive-se plenamente, não importa a idade.
“Velho é quem deixou de sonhar. Eu sou ageless….”
Seus livros
”A autoconfiança, oxigênio da vida” (2016). Abordagens culturais, políticas, de superação, recomeços onde premia uma passagem dramática de vida que ela mesma intitula – uma crise abençoada & doença magnífica.
“#atitudeétudo” com prefácio de Luiza Trajano, orelha de Chieko Aoki, conta com mais de 80 depoimentos de “gente que faz” como, Sonia Hess, Eduardo Shinyashiki, Delegada Rose, Alcione Albanese, e outros. O livro fala do amor, da traição, do protagonismo que temos em nossas vidas, da responsabilidade sobre nossos atos, sobre os pilares de sustentação do equilíbrio e paz interior; pondera sobre expectativa e o que é sentir-se realizado ou não.
Como co-autora participa do “Bem viva de corpo e alma”(2022), “Histórias inspiradoras de mulheres que desejam se reinventar”, e do livro científico “Beleza, Poder & Liberdade”.
Ela também comanda o talkshow Sintonia, pela Alltv, com conteúdos para o bem estar e saúde física, mental e espiritual.
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